
Não é amor, é um desejo, uma loucura, um jeito de perder o equilíbrio, de cair do trampolim, despencar da corda bamba e quebrar todas as correntes da rotina e do tédio, deixar de lado o monótono. Criar vida, cores, iluminar, mesmo que seja desta forma torta e visceral, carne, membros, línguas e machucados, arranhões, afobação. E como definir tudo isso em uma palavra? Como deixar que isso brote no pensamento e no coração? É proibido, mas é tão mais gostoso, delicioso, excitante. Não é gostar, vai além disso, muito além, é querer, e te quero tanto, loucamente e não é dá boca pra fora, é aqui dentro, és tão lindo, forte, escultural. Beijos saborosos, mordidas suaves, mas mesmo assim consistentes. Amigos, amantes, como quiserem chamar, é uma travessura, uma loucura, uma perda da razão, mas e não posso, e não quero, é errado, é condenação, forca, suicídio, pecado.
Enlouquece-me com o jeito de falar, de esboçar, com o jeito de tocar, de abraçar, com o jeito de olhar, com o jeito de irritar, de incomodar. Perco os sentidos, a voz, e encontro-me num filme, de amor, desejo, loucura, e mesmo com tudo pra dar errado, mesmo sendo tudo tão irreal e impossível, mesmo com todos os contras e mesmo com o certo trágico final, mesmo assim, és meu favorito e não só por me entender com meia palavra, ou pelo jeito que me deixa encabulada, nem por ser lindo assim tão sinceramente e miraculosamente. Meu Deus, não tem nada de perfeito, é muito imperfeito, demais eu diria, e somos comuns no nosso jeito de ser, mesmo com todos os segredos, e as frases jamais ditas, jamais pensadas, os ciúmes doentios e estranhos, vamos parar onde assim? Numa cama, alma gêmea é o que dizem, será?
E passamos por isso, como sempre fizemos, com os desejos, e as juras não ditas, com os beijos jamais sentidos, somos contrários e vivemos bem, nesse mundo de luxúria e pecado, que guardamos dentro do nosso coração, nossa alma e mente, no fundo, ninguém pode saber, ninguém jamais pode saber, nem suspeitar só nós e guardamos à sete chaves, sabemos que existe, mas preferimos, fazer de conta que nada existe, que nada disso é verdade, é coisa da nossa cabeça e logo passa, logo vem outro amor, porque a vida é igual parada de ônibus, pode demorar, mas ele sempre chega, e eu não sou seu ônibus certo e você também não é o meu, não hoje, nem amanhã, nem depois, talvez nunca.
Voltamos e paramos aqui, nos abraços e nas conversas pra lá de estranhas, recuperamos nosso amor incondicional, de amigos é claro. E fim de papo, eu aqui, você aí, um dentro do outro, ao menos nos sonhos mais sórdidos, calientes e incompreensíveis um do outro.