terça-feira, 21 de setembro de 2010

Deslizes... que eu insisto em cometer.


E na madrugada o coração acelera, o esmalte começa a descascar e os olhos ficam vermelhos, a geladeira esvazia-se inteira, as barras de chocolate somem, e o fogão começa a funcionar, e o leite condesado com nescau ferve na panela, ansiedade pura e genuína.
Decido após muito pensar me entregar a esses prazeres da vida, o comer, o se deliciar, deixar derreter na boca, cometer alguma loucura em conjunto, falar bobagens e perder a razão, afinal, o que eu vou contar para os meus netos? Ser muito fechada e resistente é tedioso, vezenquando. Largo essa minha personalidade forte na esquina, e saiu pras ruas pra mudar meus conceitos e perder um pouco desse equilíbrio que antes eu queria, agora eu só quero gritar e pular até cansar, até minha alma mudar ou se perder por aí, quero ficar perdida e nunca mais me encontrar, quero cometer meus deslizes, e perder todo esse controle, e até me tornar um pouco hipócrita em relação à isso. Não quero criticar, não quero argumentar, não quero incentivar, quero perder o juízo, perder essa minha personalidade sem graça que nunca corre riscos que vive num mundinho fora de moda, cheio de compromissos, de realidades, de verdades, que nunca quer ver seus amigos porque tem tanto medo de ser influenciada a perder o juízo, perder as rédeas das situações, pra mim chega, entreguei os pontos, tirei meu time de campo, cansei desse joguinho bobo, de me fazer de forte, de sensível, de certa, sendo completamente louca, insensível e muito fraca, frágil, a oposta de toda essa situação, rir de tudo e de todos sem qualquer motivo, não falar sobre ninguém e pensar somente em você, ter um auge de egoísmo genuíno.
Quero me perder, parar de querer parar pra respirar, vou esquecer meus pulmões, meu futuro e o meu cérebro, quero viver de momentos, de ocasiões, quero meus deslizes, as balas e os bombons, se eu tiver que engordar, se eu tiver que me internar, se eu tiver que chorar e sofrer, que seja assim, mas que eu seja feliz, que o sorriso nunca mais desapareça do meu rosto e que eu nunca mais seja questionada sobre a minha felicidade contagiante. Que seja assim, eu e eu de verdade, que não finja, que não imagine, que esqueça e que se atire de cabeça nessa aventura que é viver.