sexta-feira, 3 de junho de 2011

A incontestável verdade.

Você nasce, você cresce e você morre. É a lei da vida - ou ciclo - e felizmente ou não acontece com todo mundo. Todos temos uma história, cheia de vírgulas, parágrafos e enfim, os pontos finais. Acredito que alguma parte de mim no meio desse lixo todo que foi a minha vida, tenha se mantido intacta e foi justamente essa parte mais ou menos limpa, que se tornou um tanto quanto poética, por assim dizer, mas admito, que não creio que essa seja realmente a parte importante da minha vida, claro tive momentos empolgantes e excitantes, e que até mesmo poderia definir como perfeitos, mas é estranho sabe? Conforme o tempo passa, e o futuro se torna presente e consequentemente se torna passado, tudo parece mais bonito, e também perfeito, mas se você pensar bem, com um pensamento crítico e um tanto irônico, conseguirá admitir que na verdade tudo não passou de uma imperfeição dura e podre. Pois é John, acho mais fácil até conveniente te mandar isso assim, fico imaginando quando você chegar em casa, ver as minhas coisas espalhadas, os meus livros, os meus dvds, os meus discos, até mesmo os meus poemas - aqueles bem patéticos - e me procurar, e quando descobrir o que aconteceu, fico imaginando seu coração apertado, comprimido, pensando o que foi que você fez pra isso acontecer? Queria dizer muitas coisas, te explicar muitas coisas, pra que essa passagem foi fácil, tranquila, calma, não quero te culpar por nada, até porque admito e consigo conviver com o fato da culpa ser minha também, grande parte, acho que durante esse tempo todo você só fez aquilo que conseguiu fazer, o que nasceu pra fazer, e eu? Bom, eu passei grande parte da minha vida interpretando papéis, sendo uma verdadeira atriz, queria ser fonte de orgulho para os meus pais, você sabe dessa parte patética e não preciso te explicar ela novamente, até porque não quero, e se não vou te explicar as partes realmente importantes não vejo nada que me obrigue a explicar isso também. Esqueça, esqueça tudo que eu disse até aqui, é bobagem, acho que o meu lado sentimental finalmente decidiu se aflorar, justo agora, é o que eu penso, veja só eu sentimental, sensível e frágil? Acho que essa é a hora de eu ser um pouco como você John, nossa como eu te amei, não podia tirar esse fato da jogada, mas não abri mão de tudo, até porque você como eu ansiava tudo que eu fiz, todas as coisas podres, todas as atrocidades você as desejava assim como eu, ou até mais, eu sei que você esconde esse lado e tenta ao máximo fazer o papel de bom moço, bom filho, bom marido e o adjetivo que você mais gosta, bom pai. Era exatamente nesse ponto que eu queria chegar, sinceramente, é muito mais, como posso dizer? Cômodo, pra você e pro resto do mundo, a Broadway, é isso? Hollywood? Tratar disso no cinema, que os homens possuem defeitos horríveis, mas isso não importa, porque eles são bons pais, e esquecem que as mulheres que esperam malditos nove meses, que destroem seus corpos, que passam noites em claro e que estão lá sempre que os filhos precisam, você vai dizer, eu sei que eu estou sendo hipócrita porque eu sim fui uma péssima mãe, e uma mãe ausente por ser por demais ambiciosa, eu sei é verdade, a culpa é minha, sua e do Matthew e você estaria sendo fiel com a verdade, porque é essa a verdade, era mais cômodo ser maus pais e nos preocuparmos com nossos próprios problemas, e a pergunta que fica é o que acontecerá com eles agora? Não é sobre mim, sobre você ou sobre ele, ou sobre os nossos momentos, mesmo que eles - na maioria - tenham sido terríveis, não importa mais as festas, as drogas, os escândalos ou as surras, agora não fazem a mínima diferença e você sabe que estou sendo sincera, de uma forma que jamais fui. É falhamos e então no fim nos tornamos aquilo que juramos jamais ser, somos monstros. Eu sei o que você tá sentindo, um gosto de azedo na boca, o gosto do fracasso, falhamos com a melhor parte de nós, a mais pura, a mais importante, aquela que nós e ninguém mais, nem os nossos pais, nossas influências ou o monte de merda que fizemos das nossas vidas tem haver, algo que era para ser construído por nós, moldado por nós, e veja só, somos péssimos escultores. Esqueça isso também, não quero que se sinta pior que eu, nem que mostre isso ao Matthew e não pense que isso é pra poupá-lo, porque não é. Tudo bem, queria terminar isso como um beijo de boa noite, ou quem sabe até como uma daquelas noites intermináveis que tivemos juntos, tantas vezes, antes do fim, pense na melhor coisa que já fizemos, esquecendo as crianças, e se concentre nela, até esse gosto passar, e não esqueça, isso é importante, mantenha na mente, escreva num papel, caso no momento que estiver lendo isso esteja chapado demais, para ler depois novamente e manter gravado. Não importa o que fizemos, agora já está no passado, não dá pra mudar, eu te amo por tudo, até os momentos mais sujos e escuros, você foi um excelente companheiro, diga as crianças que eu as amo, mais do que a mim mesma e que vai ser sempre assim, mas diga que eu simplesmente tomei essa última decisão por não suportar de verdade ver a coisa mais bela que eu fiz se deteriorar diante dos meus olhos.
Hoje e sempre sua, Adele.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Lampejo

Um tanto teatral, um tanto muito crítica. Acho que é assim que posso descrevê-la, vê muito além em todos, nos maus e nos bons, não sei como ela consegue ser assim, é meio inexplicável, mas ela é, mas ao mesmo tempo é tão tímida e delicada, como se fosse viver para sempre, será que ela vai?
Tem um pouco de loucura, de magia, fantasia e essas coisas que não existem - ou dizem não existir - tudo nela é improvável, meio impossível, e ela não é nem um pouco passional, detesta ou ama, extrema. Tem uns sentimentos e umas ideias que são como vírus, contagiosas. Acho que quero ela pra mim, de um jeito estranho, como se pudesse caça-lá, talvez pelo cheiro, com alguma armadilha, qualquer coisa, depois dou algum jeito de enfia-lá num quadro bem grande ou dentro do meu espelho, para que dessa forma possa vê-la todos os dias pela manhã, mas não sei se daria certo, ela deve ser difícil de fisgar, precisaria de paixão, daquelas que causam frio e calor ao mesmo tempo, não sei se ela sente isso por mim, e sentirá? Ela sempre repeti umas coisas meio loucas, meio bobas e indecifravéis como se estivesse conversando consigo mesma, umas frases, umas palavras sem sentido, meio vagas - ou totalmente, mas que mexem comigo, todo mundo se apaixona por ela e eu não sei se isso é amor, é meio indefinível como ela e mesmo assim quero-a prisioneira. Ela tem uma mente incrível e azul, mas tem tantos outros tons, é isso, ela tem uma mente arco-íris, e deixa todo mundo entrar não importa a raça, não importa a cor, nem a índole ou o caráter acho que ela tem alguma parte que falta, alguma parte meio incompleta, meio em frangalhos, e enfia essa gente toda dentro da cabeça pra ter o que pensar, o que achar, o que opinar, acho que é uma espécie de tentativa de preencher a mente e a cabeça, talvez até o coração. Um lampejo, um lampejo é o que ela sempre repeti e gosta tanto da chuva, do frio, do inverno, tem umas histórias meio de cabeça, meio sonhadora, um lado meio inventado, uma personagem que ela mesmo descreveu e assumiu o papel, lampejo, sempre me pergunto o que ela quer dizer com isso, às vezes, pego ela com lágrimas nos olhos, mas vejo em seus olhos que não está ali que está em outro lugar e sofrendo, e a palavra fica ali sendo vomitada por ela, posta pra fora: lampejo lampejo lampejo, ela fala assim sem respirar, e depois de um longo silêncio, vem a palavra preciso bem breve, e depois voltam consecutivos lampejo lampejo lampejo. Sei, ela precisa de um lampejo, mas para que? Por quê?
Ontem recebi a notícia, nem consigo acreditar, ela sumiu, desapareceu, como por mágica, ela tinha isso nos olhos, magia e acreditava sempre em tudo, um lado meio infantil, meio besta, chorei muito depois que me disseram isso, mas depois me veio uma felicidade doida, uma que nunca senti e uma promessa de que tudo ficaria bem, tão estranho e ao mesmo tempo reconfortante. Nunca mais vi ninguém parecido, nem de longe com ela, ninguém nunca mais a viu, nem se lembra dela e de seus lampejos, será que foi isso que aconteceu? Um lampejo, talvez ela tenha tido uma trovoada na cabeça e seguiu seu caminho, acho que a felicidade que eu senti aquele dia foi uma forma mágica que ela me transmitiu para que eu me sentisse como ela se sentiu quando finalmente recebeu o lampejo. Uma fé e uma felicidade absurda, que não cessa nem apanhando, nem com droga e nem com rémedio pra dormir. Onde quer que ela esteja, acho que está muito feliz e agora acho que tenho certeza de alguma forma ela viverá para sempre.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma história triste, com um detalhe: é falsa.


Sou diferente. Não presto, e estou me confessando. Não sou religiosa, e tento passar a imagem de moderna e sem preconceitos, tenho certas virtudes e além de ser diferente, gosto do diferente. Me contradigo e não vejo graça em muitas coisas, tenho uma mente avançada, mas sou muito burra. Sou estranha, anormal, complicada, difícil. Tenho gosto estragado, e o que mais me satisfaz é o que não presta e o que faz mal, e causa dor.
Não conheço o amor, não sei amar e às vezes parece que quero que sintam pena de mim, gosto de me fazer de coitadinha, de infeliz e ao mesmo tempo de forte. Ninguém me entende, e meus pais dizem que eu preciso de análise. Não sei mais o que faço e às vezes tenho fortes crises suicidas. Muitas vezes arquiteto atentados contra mim mesma e até me odeio de vez enquanto e nem suporto a minha própria convivência. Não tenho fé nenhuma em mim, e estou sendo sincera, mas aos outros finjo, sou ótima atriz e isso eu tenho de admitir. Quero contos de fadas, filmes, e acredito que tenho necessidades iguais à de todo mundo, o que é mentira, elas, bom, posso condensá-las aqui: são amor, paz, sucesso, grandeza, ambições, dinheiro e essas coisas. Mas mesmo que eu tivesse tudo isso e sei que tenho capacidade para tais objetivos, se me esforçasse e me dedicasse, eu os alcançaria. Mas não, eu quero sempre mais, sempre alguma coisa falta, ou está errada, quero tudo certinho do meu jeito, sou perfeccionista com tudo e com todos.
Tem dias que me sinto isolada, sozinha, solitária, sem amor e mais ou menos como se ninguém se importasse se vivo ou morro. E quando me ligam, quando insistem em me ver, e dizem sentir saudades, falta de mim e da minha convivência, invento estórias, artimanhas, desculpas, qualquer coisa que me tire daquela situação, e os outros, os que sabem das minhas mentiras, e calúnias me xingam, dão lições de moral, complicam a minha vida e me fazem me sentir mal. E então vem a culpa, o remorso e o ódio que muitas vezes se vira contra mim mesma com toda a sua força, e então vem a loucura, a dor incontrolável na cabeça que me deixa zonza e me leva a nocaute, em campo de batalha. Quero ser livre, mas como gritar isso ao mundo? Como me fazer entender que não preciso de ninguém ao meu lado e que talvez eu seja mesmo muito auto suficiente? Ou louca de pedra? Como fazer com que isso entre em suas cabecinhas? Principalmente na dos meus pais. Tenho de ser normal e não querer ter filhos, um marido e uma casa bonita com animaizinhos e plantinhas, e por um acaso tem alguma lei que me proíba disso?
E porque afinal todos sentem pena de mim? Não sou digna de pena, só quero ficar sozinha e ser livre, e sei que serei feliz a minha maneira, não quero magoar, não quero machucar, desistam de mim, sou caso perdido, o que posso fazer? Tenho de admitir. E não, eu sei, sinto aqui, não amo o fulano, nem o beltrano se fosse só isso, talvez fosse bem mais fácil, mas a verdade é que não, não consigo e também porque eu simplesmente não sou assim. Essa pintura, esse livro, até essa moldura e assinatura não combinam comigo e nem com a personalidade que eu acho, finjo ou inventei pra mim. Nem sei mais quem sou, perdi muitas das minhas antigas características pelo caminho, não sei mais o que gosto, não tenho mais certeza alguma. E minha vida se resume num completo não sei, não tenho mais a intensidade de antigamente e choro toda a vez que penso que talvez eu tenha chegado naquilo que Caio detestava, um alguém que não se busca, que se lamenta, que se acostumou a viver e que talvez esse viver na minha vida tenha também se tornado automático, como se viver fosse qualquer coisa, um hábito, uma mania, algo que se tem de fazer ao levantar e despertar daquilo que poderia ser eterno, os sonhos.
Uma declaração, uma confissão, um desabafo, chame como quiser. Não sei como posso descrever ou denominar tudo isso, talvez seja mesmo um escrever como uma espécie de auto exorcismo, algo trancado no peito, na garganta, entre as cordas vocais e sempre algo ou alguém me impede de declarar tudo que eu sinto, tenho de me acostumar se quiser sobreviver, vivo num mundo de lobos, mesmo também sendo uma loba e sendo também a única em pele de cordeiro.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Deixo a vida me levar?


A vida se resume nisso, num sonho inacabado eternamente, a gente tenta construí-lo, faz o possível e o impossível o persegue com unhas e dentes. Quer amor, quer paz, quer bondade, quer colocar a família em primeiro lugar, quer ter tempo, ter emprego, honestidade. A vida se resume no querer, no desejo e principalmente na satisfação. Queremos histórias, lembranças boas e ruins, queremos fazer parte da história, poder nos criticarmos e ao mesmo nos idolatrarmos. Queremos ideais, queremos ser crianças, enfim queremos. E nunca há parada alguma nisso, o quero é a única coisa imutável na vida das pessoas, queremos filhos, maridos, esposas, casamentos duradouros, pessoas eternas, queremos justiça, bons modos, educação, respeito. Queremos telas de cinema, textos, teatros, filmes, quadros, músicas, queremos beleza. Queremos festas, queremos noites agradáveis, queremos café, queremos tradição, viagens, conhecimento, inteligência, ambição. Queremos.. É apenas o que sabemos, é a única coisa que nos tira da cama e nos faz enfrentar o dia, a semana, o mês, o ano, a vida, é a única coisa que nos prende aqui, o único sentimento, o de cobiça, o de desejo incansável. E quando nada dá certo, quando esses sentimentos invadem a razão, e queremos uma história com final feliz? E o que faremos, para então cumprir todos os objetivos? Preencher todas as lacunas? E quando a paixão se perde, porque infelizmente, não vivemos num conto de fadas. E as pessoas vão morrer, as coisas não vão dar certo, vão haver traições, mortes, desastres, tristezas, não há mar de rosas, e um dia pode estar tudo bem e no outro tudo pode estar indo de mal a pior, depende da sorte, do santo, da fé, da religião. Depende da chuva, do sol, da estação, depende do destino, sei lá do que afinal depende a nossa vida, depende de nós e apenas de nós, de nossas escolhas, nossas ações e atitudes, nossas vontades, nosso caráter, depende de nós e do nosso objetivo principal, do nosso sentimento guia, chefe, patrão do corpo, o de querer e seguimos em frente, arduamente, dia após dia, até que então a força divina do mundo, decida que terminou e que então entremos túnel a dentro até a luz indicada ou o fogo eterno, ou o escuro total, para então descobrir que tudo não passa de um sonho, de uma farsa, e que não nos suicidamos pois não somos covardes ou porque não somos fortes o bastante, não tem filme, não tem historinha, não sabemos.
Tem tanta gente que passa pelo mundo, que realiza, que faz história, que não desiste segue em frente, em quanto outros, param bem antes da linha de chegada, para tomar um ar e nunca mais retornam a corrida, querem descansar, é muita luta, muito sacrifício para pouco triunfo.
Onde é, afinal que a vida vai me levar?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Não te vejo, mas te sinto.


Chega das mentiras, de criar falsas ilusões, pequenas esperanças. Chega dessa maldita letra na minha vida, maldita sim e é por isso que deve sair dela, ser arrancada, retirada, posta pra fora.
Só eu e você somos completos, porque sabemos a verdade e isso não nós torna melhores que eles, apenas mais coerentes com a verdade, tudo não passa de uma farsa e sabemos disso, e não conseguimos conviver com isso, claro tentamos, obstinadamente, mas com aquele sentimento de culpa, um remorso, uma tristeza, um ódio também - só não sabemos se é de nós mesmos, ou dos outros, os que se perderam - e são tão queridos, os amigos, a família, precisamos de alguém que nos compreenda, pois se tu estivesses aqui ou eu estivesses aí, então poderíamos ser um só, mais uma vez, e não, apenas nas linhas, nos versos, nas rimas, nessas pequenas coisas, resquícios de nós. Queria que retornasse como um sonho bom, mesmo que nossa sexualidade fosse diferente, mesmo que fôssemos diferentes, eu saberia que você era você e você saberia que eu era eu, e então estaríamos bem, ficaríamos bem e completos. Esqueceríamos todos os erros do passado, todas as loucuras, e bobagens e até as críticas que nos foram acometidas, seríamos, portanto, felizes em fim, a tão sonhada felicidade. É o que nos falta, pra você, eu e pra mim, você.
Então, look. Olhe para nós: Eu congelada numa época, tentando consertar, acertar, mudar não somente a mim mesma, como ao mundo e você morto, e mesmo assim é só em você que eu encontro, é como se fôssemos um, como se você fosse uma parte de mim, a que falta, não é amor carnal, nem psicológico ou platônico, é diferente de qualquer um desses amores que a gente pode denominar ou rotular, é diferente, e portanto, sem rôtulos, não tem especificação ou identificação ainda, é melhor que outros? Não sei. Nem sei se é bom, mas que me faz feliz, é verdade. Mesmo com tudo ao avesso, tudo errado, descoordenado, fora de ordem, de lugar, de padrões, mesmo louco, insano, com todos os defeitos e absurdo, aliás, completamente absurdo, ainda te amo, do mesmo jeito pra sempre, sempre será eterno, pois nunca chegou a existir. Tenho esperanças de ti e você durante toda a vida teve esperanças de mim, sem nunca nos encontrarmos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Meu pecado, meu desejo obscuro.


Não é amor, é um desejo, uma loucura, um jeito de perder o equilíbrio, de cair do trampolim, despencar da corda bamba e quebrar todas as correntes da rotina e do tédio, deixar de lado o monótono. Criar vida, cores, iluminar, mesmo que seja desta forma torta e visceral, carne, membros, línguas e machucados, arranhões, afobação. E como definir tudo isso em uma palavra? Como deixar que isso brote no pensamento e no coração? É proibido, mas é tão mais gostoso, delicioso, excitante. Não é gostar, vai além disso, muito além, é querer, e te quero tanto, loucamente e não é dá boca pra fora, é aqui dentro, és tão lindo, forte, escultural. Beijos saborosos, mordidas suaves, mas mesmo assim consistentes. Amigos, amantes, como quiserem chamar, é uma travessura, uma loucura, uma perda da razão, mas e não posso, e não quero, é errado, é condenação, forca, suicídio, pecado.
Enlouquece-me com o jeito de falar, de esboçar, com o jeito de tocar, de abraçar, com o jeito de olhar, com o jeito de irritar, de incomodar. Perco os sentidos, a voz, e encontro-me num filme, de amor, desejo, loucura, e mesmo com tudo pra dar errado, mesmo sendo tudo tão irreal e impossível, mesmo com todos os contras e mesmo com o certo trágico final, mesmo assim, és meu favorito e não só por me entender com meia palavra, ou pelo jeito que me deixa encabulada, nem por ser lindo assim tão sinceramente e miraculosamente. Meu Deus, não tem nada de perfeito, é muito imperfeito, demais eu diria, e somos comuns no nosso jeito de ser, mesmo com todos os segredos, e as frases jamais ditas, jamais pensadas, os ciúmes doentios e estranhos, vamos parar onde assim? Numa cama, alma gêmea é o que dizem, será?
E passamos por isso, como sempre fizemos, com os desejos, e as juras não ditas, com os beijos jamais sentidos, somos contrários e vivemos bem, nesse mundo de luxúria e pecado, que guardamos dentro do nosso coração, nossa alma e mente, no fundo, ninguém pode saber, ninguém jamais pode saber, nem suspeitar só nós e guardamos à sete chaves, sabemos que existe, mas preferimos, fazer de conta que nada existe, que nada disso é verdade, é coisa da nossa cabeça e logo passa, logo vem outro amor, porque a vida é igual parada de ônibus, pode demorar, mas ele sempre chega, e eu não sou seu ônibus certo e você também não é o meu, não hoje, nem amanhã, nem depois, talvez nunca.
Voltamos e paramos aqui, nos abraços e nas conversas pra lá de estranhas, recuperamos nosso amor incondicional, de amigos é claro. E fim de papo, eu aqui, você aí, um dentro do outro, ao menos nos sonhos mais sórdidos, calientes e incompreensíveis um do outro.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Deslizes... que eu insisto em cometer.


E na madrugada o coração acelera, o esmalte começa a descascar e os olhos ficam vermelhos, a geladeira esvazia-se inteira, as barras de chocolate somem, e o fogão começa a funcionar, e o leite condesado com nescau ferve na panela, ansiedade pura e genuína.
Decido após muito pensar me entregar a esses prazeres da vida, o comer, o se deliciar, deixar derreter na boca, cometer alguma loucura em conjunto, falar bobagens e perder a razão, afinal, o que eu vou contar para os meus netos? Ser muito fechada e resistente é tedioso, vezenquando. Largo essa minha personalidade forte na esquina, e saiu pras ruas pra mudar meus conceitos e perder um pouco desse equilíbrio que antes eu queria, agora eu só quero gritar e pular até cansar, até minha alma mudar ou se perder por aí, quero ficar perdida e nunca mais me encontrar, quero cometer meus deslizes, e perder todo esse controle, e até me tornar um pouco hipócrita em relação à isso. Não quero criticar, não quero argumentar, não quero incentivar, quero perder o juízo, perder essa minha personalidade sem graça que nunca corre riscos que vive num mundinho fora de moda, cheio de compromissos, de realidades, de verdades, que nunca quer ver seus amigos porque tem tanto medo de ser influenciada a perder o juízo, perder as rédeas das situações, pra mim chega, entreguei os pontos, tirei meu time de campo, cansei desse joguinho bobo, de me fazer de forte, de sensível, de certa, sendo completamente louca, insensível e muito fraca, frágil, a oposta de toda essa situação, rir de tudo e de todos sem qualquer motivo, não falar sobre ninguém e pensar somente em você, ter um auge de egoísmo genuíno.
Quero me perder, parar de querer parar pra respirar, vou esquecer meus pulmões, meu futuro e o meu cérebro, quero viver de momentos, de ocasiões, quero meus deslizes, as balas e os bombons, se eu tiver que engordar, se eu tiver que me internar, se eu tiver que chorar e sofrer, que seja assim, mas que eu seja feliz, que o sorriso nunca mais desapareça do meu rosto e que eu nunca mais seja questionada sobre a minha felicidade contagiante. Que seja assim, eu e eu de verdade, que não finja, que não imagine, que esqueça e que se atire de cabeça nessa aventura que é viver.